quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

2009 365

estava lendo, e senti um cheiro. acho que foi da minha memória, porque não fazia sentido com o local, e com o livro.

cheiro de comida congelada. talvez feijão e carne congelada. cheiro que eu sentia quando abria a parte de cima da geladeira ou o freezer de casa, na época em que faziamos almoço e congelavamos comida.
cheiro de comida congelada deve ser algo na verdade sinestésico, associado no cérebro sem perceber. deve ser a sensação de gelado entrando pelas narinas e o pouco do cheiro que a comida exala, que acaba ficando impregnado na geladeira com o tempo e o congelamento de mais comida.

o cheiro da comida pode ficar na água do gelo e da umidade no ar da geladeira, e se faz sentir junto com o frio quando entra no nariz.
apesar de insípida, a água sempre carrega o gosto de outra coisa com ela. o que faz a água ter gostos diferentes em cidades diferentes, e de casa em casa.

a melhor água é a do filtro de barro. na minha casa e na casa da minha vó tinhamos filtros de barro. e quando se bebia água de garrafão de plástico dava pra perceber claramente o gosto do plástico.
com o tempo ficou evidente que era mais fácil compara água mineral de garrafão do que ter que ferver e filtrar água da torneira, e periodicamente trocar os filtros de cerâmica do bebedouro[?] de barro.

os bebedouros de plástico, para usar com os garrafões de plástico são esteticamente desagradaveis, e se não forem de plástico, com uma aparencia fragil, são de metal, daqueles que são longos e ficam no chão. também possuem a desnecessária função de resfriar a água, para isso necesitando de uma tomada, e ainda pinga pela torneira, e possui uma bandeja para que possamos ser descuidados e deixar a água cair fora do copo [e para que as torneira possam não vedar direito sem incomodar ninguém alem do cara que vai esvaziar a bandeja].

eu odiava o gosto do plástico na água quando era pequeno, ele fica evidente na água, principalmente se você está acostumado a beber da água do filtro de cerâmica do bebedouro de barro.

salvo pela já existência do bebedouro de barro em casa, quando passamos a comprar garrafões d'água apenas paramos de usar a parte de cima do bebedouro, que filtrava, e apoiamos o garrafão na parte de baixo que tem a torneira e contem a água.

pensando nisso agora, eu vejo claramente o porque da minha tendencia a desgostar de qualquer recipiente de plástico. não levava garrafinhas para escola. a água do bebedouro da escola para mim sempre foi boa, boa o suficiente, desses bebedouros de metal que puxam a água dos canos e esguicham ela para cima. não sei como esse bebedouro é por dentro, mas o gosto da água quem vem dele nunca me incomodou, enquanto ele estivesse funcionando corretamente. ainda assim, o meu costume mesmo é beber água só em casa.
a única garrafinha de plástico que uso é a da bicicleta, e só em pedaladas muito longas, viagens.

apesar da água estar no garrafão plástico, ela passa pelo barro e acho que a água fica melhor, ameniza o gosto ruim. e no final acostuma-se.

o pior gosto de todos no entanto e o gosto de comida na água. e isso evidentemente acontece com a água que está na geladeira.

eu gosto mais de beber água na temperatura ambiente. só bebo da geladeira se for a unica opção. mas quando se trata de geladeira eu prefiro os recipientes de plástico. estando gelada a água não fica tanto com gosto de plástico. mas é impossível escapar do gosto de comida. na geladeira se encontra recipientes ou de plástico ou de vidro. os de vidro são os piores. a maioria deles não fecha direito. alguns são reaproveitados de garrafas de outras bebidas, varios acabam ficando abertos mesmo. garrafas de vidro são mais pesadas e deslizam mais fácil, tanto na sua mão como na grade da geladeira, alem de ocupar mais espaço do que o plástico por terem as paredes mais grossas.
as garrafas de plástico também são ruins, elas são mais faceis de pegar pois a maioria tem um formato melhor, mas tendem a derramar água fora do copo, e também não fecham direito as tampas não encaixam e não funcionam como deveriam.

fui na casa de raissa outro dia. na geladeira tinha uma garrafa com água, a garrafa era de vidro com uma tampa de plástico de enroscar que tem uma pega e uma tampa menor para a água sair. essa garrafa eu ja vi nessa tarefa, mas normalmente é uma garrafa de suco. me parece uma garrafa horrível porque a pega de plástico não é segura, pois está presa só na ponta da rosca da tampa e não é muito longa. a garrafa fica pesada quando está cheia, e nessa situação virar a garrafa segurando pela pega gera uma força muito grande [torque, se não me engano] na tampa. a garrafa é cilindrica e pegar pelo corpo também não é legal. então essa garrafa é uma muito propensa a cair, quebrar ou qualquer outra merda.

mas tinha bebedouro lá. eu acho que escolhi a geladeira porque o bebedouro era de plástico e parecia frágil. porem eu não sabia o que ia encontrar na geladeira fechada. por ironia a água da garrafa estava no fim, então depois de beber enchi-la[cacofono] no bebedouro, que apesar de frágil [e de ter parte dele fora da mesa o que deve ativar o toq sequelado de não deixar coisas nas pontas de mesa] é bem interessante pela posição e o tipo da torneira. depois de encher guardei a garrafa na mesma prateleira da geladeira que a encontrei, a coloquei e deixei que deslizasse para trás com um empurrãozinho.

a água dessa garrafa era água com gosto de comida. e esse gosto de comida era estranho porque dava pra cheirar também, e eu não sabia se estava vindo do olfato ou do paladar mas estava sentindo.

eu não fiz essa observação para iago, que estava comigo. iago não era o dono da casa mas acho que as pessoas não recebem esse tipo de observação, que tem intenção construtiva, mas que parte do gosto e da opinião particular.

acho que o gosto e cheiro de comida gelada na água estavam recentes na minha memória por causa disso, e por algum outro motivo senti naquele momento.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

2009 356 avatar

avatar, filme novo de james cameron.

ja discuti muito sobre ele, com as pessoas, mas resumindo:

as ilhas flutuantes estão em algum lugar nos jogos de rpg de super nintendo.
a vida do planeta interligada me pareceu lifestream de finalfantasy 7.
a caçada por materiais novos por parte dos humanos é clichêêêêê, e vem desde a corrida do ouro, até starcraft e command and conquer: tiberium.

eu perdoo a lifestream porque é bem diferente tem as memorias e as conexões, é interessante. e o mundo é muito interessante, vc realmente entra no filme quando se trata de mostrar pandora. e eu na verdade logo cedo no filme começei a desgostar de quando jakesully tinha que sair do avatar para viver no mundo humano.

[spoiler warning]
é realmente triste quando você vê as arvores ancestrais sendo destruídas e a arvore-casa-maior-de-todas sendo destruida também. nesse ponto  faz muito tempo que um filme me deixa apreensivo sobre o que vai acontecer. porque nenhum filme cria tanta coisa para você gostar ultimamente, e nesse filme você não sabe até onde os criadores vão com a destruição, porque depois que vc já está tão imerso no mundo, e tudo é tão precioso equilibrado, você realmente sente que nada daquilo pode ser destruido, eu sinti.

os nomes foram mal selecionados eu acho. pra mim o nome do filme poderia ser na'vi. e o nome do planeta, tudo bem os humanos chamarem de pandora, mas faltou depth, profundidade para mostrar porque os humanos acham o mundo tão perigoso a ponto de citar pandora, porque você só vê o lado dos na'vi praticamente o tempo todo, de um planeta em harmonia. assim também, você fica pensando qual será o nome que os nativos dão ao planeta. acho que pode ser chamado de eywa mesmo. eywa, apesar de toda a profundidade da interligação de seres e tal no final se mostra apenas uma força como uma gaia menos poderosa, tendo influencia apenas nos animais 'não-inteligentes', e não parece se comunicar com os na'vi de outra forma alem do rabinho-usb e do xaman.

sobre o nome ainda, o Avatar é um meio, e não um fim no filme, embora o final traga varias considerações relativas a ele, durante o filme todo eu acho mais pertinente que o nome do filme, alem da possibilidade de na'vi podesse ser eywa, pandora, ou o nome que os nativos dariam ao planeta.

o nome do material que estão querendo obter é engraçado: unobtanium. feito unobtainable, impossivel de obter. que pra mim é uma piada do autor, porque para os personagens humanos o mineral É obtainable, então porque dariam esse nome? bad author joke.

o surgimento do material é pouco explorado. será que vai ser melhor explorado no talvez proximo filme? porque me parece que o material tem a ver diretamente com a rede cerebral do planeta e a forma e o local de viver dos na'vi. e se tivesse lá por acaso é mta sacanagem e um plot fraco. então é bom que tenha uma explicação mais concisa com as peculiaridades do mundo e dos seus habitantes.

os 'vilões' pra mim também tem motivos fracos, eles são aparentemente justificaveis no filme, mas eu não sei. eu fico pensando se uma pessoa pode ser tão inescrupulosa assim. por esse lado esse filme cai em mais uma desculpa dos brancos pelas atrocidades cometidas as outras raças. nesse caso, nativos da america, os indios.
seus motivos são fracos porque sério, há milhões de outras formas de proceder, e a deadline que força as ações é pouquissimo sustentada.
também em 2154 eu espero que as pessoas saibam mais sobre o valor do método científico do que o apresentado nesse filme, os cientistas são um grupo pequeno e descreditado, e isso é uma merda.

no final, o vilão general morre, ok, mas o vilão administrativo fica vivo. que merda. parece uma tendencia desses filmes de hoje em dia, de diminuir a punição nas pessoas que agiram errado, e deixar os seus erros num campo moral borrado. para mim todos os humanos que na inversão da guerra não se rendessem deviam morrer, e os lideres deveriam ser executados. se isso for demais para uma sociedade pacifica, entrega ele pra eywa ou deixa ele morrer sem ar.

a falta de tomada de posição a respeito das atitudes morais nos filmes pode virar uma coisa séria, tendo em vista 2012 onde o vilão não é punido também.

por ultimo os seres do mundo. tem muita gente que diz ah eh outro mundo, tudo pode acontecer, blablabla. mas do jeito que eu vejo eles foram mal elaborados. pelo que eu entendo de biologia, sei lá de seleção e evolução, eu não sei porque os na'vi são os unicos seres a ter pelos. porque todos os seres [semelhantes a mamiferos do nosso mundo] são só pele, e os navi não tem aquelas coisas esquisitas na cabeça. e eu não sei porque um rrinoceronte martelo e um felino vão ter o mesmo tipo de 'device' na cabeça. os macacos não tem pelomenos, mas tambem não tem pelos nem cabelos.

a antena que faz a conexão usb, nos na'vi você pode entender, que vem direto do cerebro e tal, está ligada ao começo da coluna ou no cerebelo, ali no mesmo lugar de matrix [talvez por isso que ele cobriu de cabelo, pra ficar diferente]. mas ela não tem musculos, e o na'vi tem um rabo no fim da coluna com musculos.
evolutivamente eu acho que esse rabo não é tão util mais. mas sim é util.

agora, os outros animais sempre tem mais de um cabo usb, e eles não saem do mesmo lugar. e eles tem musculos e são controlados mais ou menos como um rabo! e isso é obvio, porque se é uma parte tão importante do corpo, é muito mais util se você poder controlar a qualquer momento, e não ter que pegar com suas mãos. então pra mim os na'vi deveriam ter um rabo só, que teria musculos e seria o cabo usb. e poderia ser no lugar do rabo mesmo, no fim da coluna, assim eu imagino poderia ter uma relação maior com o SNC todo, talvez mais instintiva ou mais completa. mas poderia ter conotações sexuais mais evidentes.

e todos os animais, desses mamiferos-like tem 6 membros, se o na'vi é do mesmo planeta pq porra ele não tem 6 membros também? ou dois cabos usb? ou quatro olhos?

e alias falando em 4 olhos, a ave vermelha, toruk eu acho, tem 4 olhos, mas no cranio da cidade arvore só tem espaço para 2 e só duas pedras ocupando o espaço. e eu não prestei atenção em quantos olhos os outros seres tinham, mas as aves tambem es~toa proximas dos mamiferos, assim como repteis e tal, e deveriam ter 6 membros também [obs.: talves o par de asas menor seja os outros 2, teria que ver melhor pra confirmar]

agooooora, será que nos proximos filmes da franchise que james cameron ta fazendo [aposentadoria certa] ele vai explicar? será que os na'vi sempre tiveram algo bizarro com humanos?



enfim, eu só fico puto porque fazem uma hype muito grande sobre filmes as vezes, e todomundo ja entra gostando e ja sai gostando sem pensar em nada, e ai caada vez vem filmes mais merdas e tal. e ninguem para pra pensar se foi bom  ou não.

ai eu passo muito tempo pensando ate onde vai as influencias nas nossas percepções das coisas. só pq tah ecoando na sua cabeça que o filme vai ser sensacional, ai todomundo concorda? e será que dá pra ver um filme sendo um minimo imparcial depois de tanto bombardeamento?

e po aquele cartaz nem é bonito! é estranho pra caralho aquela cara azul com o olhão amarelo de peixe morto virada pra vc! parece que tem algo errado sei lá, e agora tem gente vestindo isso como camisa...

sei lá. não quero ver as continuações desse filme.

e pra finalizar, problemas ainda não abordados, os cavalos domesticados e a descriativa semelhança com a gente e a necessidade de parecerem com indios. e também o lugar comum do equipamento humano, já explorado nesses conceitos bastante em jogos e outros filmes. e ainda o erros de história e de falas. mas tem um lado bom, alem dos ja citados, as pernas de jakesully e a questão sobre a mudança de corpo e sobre raça e etc.

thats all.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

2009 349 legenda para surdos

parei o filme, no 03:43 para escrever aqui. estou vendo no computador, com legenda em inglês, para surdos. eu gosto da legenda em ingles para acompanhar, saber exatamente quais as palavras que estão sendo ditas, um tipo de estudo eu penso. ainda assim, toda vez que pego uma legenda dessas para surdos, me impressiono. a parte da música me toca mais. a legenda avisa "[vocalizing]" "[sound of this, sound of that]" mas esse aviso nunca vai dar a imersão da musica. a sensação, só a imaginação de ter que lidar apenas com as legendas, apenas com avisos, notas, sobre o que está acontecendo me deixa horrorizado [ou me deixa horrivel, a exemplo de 'me deixa incrivel']

como pode? volta a cabeça o debate de qual o sentido mais importante.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

2009 348 Marley e Eu

Marley e Eu é tocante. e surpreendente.

pq vc vê e pensa, um filme com Owen Wilson e Jennifer Aniston sobre um cachorro.
explicando: eu não vou mt com a cara de Wilson, acho q por suas participações de comédia.
Eu gosto de Aniston, mas é muito por friends, e eu tenho que pensar muito antes de julgar, como fazem a minha volta se ela é uma boa atriz ou "Rachel over and over again". eu acho que ela é uma boa atriz. sei lá. whatever, vc não espera muita coisa do filme.
Sobre um cachorro, cachorros aparecem muito em filmes mas nunca são bons, sinceramente filme sobre cachorro é horrivel, e digo isso, eu que joguei Bethoven 'x' no Snes. mas eu era criança e essas coisas de cachorro são pra criança. mas esse não.

então se eu não sei se o filme será ruim em absoluto, eu penso que no minimo não é para mim. não sou criança pra assistir filme idiota de cachorro, nem gosto de Owen Wilson.

mas elis estava querendo muito assistir, e a gente marcou o horário no TC premium pra ver [graças a deus, em inglês, pq no TC pipoca é horrível.], e apesar dela não poder ver, saiu para fazer uma tatuagem, eu fiquei e assiti.

e foi tocante. eu comecei a assistir com a pergunta "quem é 'eu' em Marley e Eu?". eu não sabia também que o filme é baseado em um livro. e a partir daqui eu poderia começar a descrever o filme, e o que achei dele, mas não. basta dizer que é diferente dos outros filmes de cachorro, é um bom filme com uma boa história. não é um filme de cachorro.

"Eu" é John Grogan, o papel de Owen no filme, deve ser obvio, mas eu só percebi isso lá pra parte das colunas sobre Marley.

tocante. não atribuo isso somente ao filme. tem muito de mim pra fazer esse filme tocar. primeiro eu tive um cachorro, e ele já morreu. Peter, um beagle, maravilhoso. e eu lembro de quando ele morreu e meu pai disse [eu concordo] que quando um ente querido morre, você pensa em tudo que você poderia ter feito por ele, mas deixou de fazer. não porque não pode, não poder é desculpa. você não fez porque quis. mas nesse evento unico que é a morte você pensa nessas coisas, é isso que dói e entristesse. mas não vou entrar ai.
segundo pelo falecimento da minha querida vó. então você assite um filme tão emotivo assim, tudo vem a tona. o filme todo é uma alegria, e é natural, e tudo vem a tona mesmo no final. óbvio.

é tocante, e se não é para todos é para mim, porque puxa tantas coisas.


no fim eu fiquei pensando sobre o choro, mas não lembro a frase que pensei. algo como: se vc está triste, emotivo, e for chorar, mateus, aproveite para chorar por tudo que você tem pra chorar.

[EDIT: meu deus que filme é esse que o cachorro tem que morrer no final? isso me assassinou. muito triste, porem "compreensível"* e real.]
[*compreensível porque é o único fim possível, sabemos da morte. não no sentido de compreende-la porque não compreendemos.]

sábado, 12 de dezembro de 2009

2009 346

eu acordei com Elis gritando. me levantei num pulo, o lençol ficou no chão. corri para o corredor, onde a encontrei saindo também do seu quarto, chorando e gritando. ela foi em direção ao quarto dos nossos pais, e meu pai já estava abrindo a porta. ele a acolheu, ficamos sentados na beira da cama dele com elis chorando e os dois nos telefones, minha mãe não estava lá. Eu captei aos poucos o que ela estava falando. papai parecia já saber do que se tratava.

elis acordou com um telefonema. mamãe, mais cedo acordou com um telefonema também. foi tânia que ligou para mamãe, a empregada que foi contratada nessa mesma semana para cuidar de vovó Acirema e tia Albanize. tânia disse que só podia falar do que se tratava quando mainha chegasse lá.

tânia estava dormindo no quarto de vovó. ela acordou por si, antes do horário que minha vó normalmente acorda. quando ela percebeu vovó já estava morta.

vovó faleceu pela manhã, sexta dia 11 de dezembro. mamãe falou que não fazia muito tempo que ela havia morrido pelo estado do corpo. disse que deve ter sido enfarte, os dedos estavam roxos. a gente fica pensando se ela sentiu dor, se foi ruim morrer, ou se morreu tranqüila. mamãe disse que a cama estava molhada, a gente fica pensando se ela acordou na hora.

tânia estava dormindo no quarto de vovó porque quinta-feira da semana passada vovó se acidentou em casa, fez um corte na cabeça, ficou com o corpo dolorido da queda, mas não quebrou nenhum osso. nesse dia eu e mainha fomos na casa dela e a levamos no hospital, era madrugada, três da manhã talvez. será que essa foi a hora também que ela faleceu? oito dias depois. no hospital, o corte era grande, o médico fez pontos. foram feitas radiografias mas apesar da dor que ela estava sentindo no corpo todo, ela estava bem.

por causa da queda ficou decidido que a ajudante iria dormir no quarto de vovó para cuidar dela melhor, principalmente no evento dela se levantar de madrugada por algum motivo, que foi o que aconteceu no dia do acidente. e agora depois da queda, por causa da dor ela não estava conseguindo se locomover sozinha.

ontem, dia 11, eu fiquei acordado até tarde. eu fico pensando se minha vó estava acordada também, ou se faleceu naquela hora, ou quando eu fui dormir. quando eu me deitei já estava clareando.

no dia em que se acidentou, quando saímos do hospital a levamos em casa, deitamo-na em sua cama, conversamos. quando saímos de lá já era hora de acordar e viver o dia, talvez seis horas. quando ela estava na cama eu olhava pra ela e sorria, ela sorria também. eu beijei a mão dela, e a testa, antes de sair. o sorriso dela sempre foi bonito, mesmo em situações como essas, acidentada, incapacitada. eu sei que ela sofria muito com a degeneração da velhice, e com a solidão, viúva.

mainha, e todos nós, esperamos que ela tenha morrido do jeito que queria, dormindo, sem dor. mas se eu me lembro, ela tinha medo de estar sozinha na hora. e eu não sei a opinião das outras pessoas, mas eu não sei se estar com tânia no quarto, ou tia albanize em casa contam, ela estava sozinha, sua familia não estava lá.

elis chorou muito. elis marcou uma viagem para dezembro, passar o natal e o ano novo com as amigas no Rio . vovó estava apreensiva em relação a viagem. juntos em casa, enquanto nossos pais cuidavam das coisas, que um dia nós vamos ter que cuidar, ela compartilhou isso. vovó contava os natais a distancia de vovô, ja falecido há bastante tempo, sentia, elis disse. elis tinha combinado de ver vovó no domingo, porque ia viajar na terça.

tia patricia ficou devastada quando soube, por telefone. ela não vinha no brasil há mais de um ano, estava juntando para vir de vez e ficar mais tempo com vovó. acho que tia patrícia foi a terceira a saber, das quatro irmãs.

mainha contou que tânia disse que de noite, as 10h da quinta-feira, ela levou voinha no banheiro e ela se prepararam para dormir, a hora normal para a minha vó. e tânia disse que vovó estava muito bem, e tinha se locomovido bem ate o banheiro. foi a visita, minha mãe disse.

a morte é uma coisa muito grande, não cabe na nossa cabeça.

xau vó, te amo.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

2009 334 pedalando

28min45seg
9.11km
39.2kmh
19.0kmh


1824.1 odo

indo só ao trabalho de bike, para poupar energias.

ninguém ensina você a pedalar. você vê seu pai fazendo, ele segura a bicicleta, e você vai pedalando, é só um pé depois do outro. é como andar, ninguém ensina, mas podem te facilitar com os obstáculos ate você se virar sozinho. tirar as rodinhas.

e isso é uma das coisas que não vejo muitas pessoas abordarem. acho que talvez a parte mais solitária do ciclismo. ninguém conversa sobre como se pedala, apesar de ser fácil discutir o desempenho "equipamentwise".

hoje vim explorando outras formas de pedalar, acho que depois de muito tempo fazendo algo deve ser no mínimo natural que a pessoa questione os métodos ou procure otimiza-los sob algum ponto de vista.

pra começar, a muito tempo atrás [dizem que essa expressão é um pleonasmo mas eu gosto assim] eu mudei a forma como meu pé encaixava no pedal. eu sempre havia pedalado com o meio do pé no pedal. eu acho que o conjunto de; um dia prestar atenção nas formas como outras pessoas pedalam e de imaginar que talvez alguns músculos não estivessem sendo usados corretamente, foi o que levou a eu decidir pedalar com a ponta do pé no pedal. por ponta eu me refiro a ultima parte do pé que sai do chão quando você anda.

hoje eu uso a ponta do pé. acho que é melhor.
ai nesse ultimo semestre eu acho que vim perdendo força. eu acho que fui deixando de usar toda a perna devido ao desconforto da calça jeans ou da tentativa de não suar tanto. mas eu não descobri isso assim, eu só percebi que estava indisposto em certos conjuntos de marcha, ou certas velocidades. também, por acaso um dia, acho que apressado para o trabalho desenvolvi uma velocidade e uma aceleração muito maiores que o de costume, claro, estava apressado, mas ai percebi, nessa pedalada intensa, comecei a sentir outros músculos sendo explorados mais intensamente.

acho que em parte dessa percepção houve contribuição  do meu proposital mal uso das marchas, tenho ficado com preguiça de passa-las. e para não rasgar a calça, decidi andar só na terceira coroa.

lembrando desses músculos voltei a usá-los com mais freqüência. sentindo agora todos os músculos da perna [pelomenos todos que eu conheço até agora] eu sinto os glúteos e as coxas sendo utilizadas fortemente, o que as vezes dá uma sensação interessante de poder, de facilidade, quando eu subitamente alterno de posição na bicicleta ou uso-os de formas diferentes, os relaxados ficam ativos e não tão cansados como os outros, produzem bem mais.

foi por ai que comecei a perceber que, apesar de andar com a ponta do pé a batata da perna ficava parada, tensa na mesma posição. nos alongamentos de academia, você alonga a batata da perna num batente ou qualquer coisa, ficando de ponta de pé e relaxando. esse movimento do pé para frente e para trás.

na minha mente não vejo nenhum ciclista fazendo isso com sua perna enquanto pedala. comecei a fazer.
com o pedal na sua posição mais alta, empurro- para baixo com o pé levemente relaxado, até o que eu acho que deve ser o primeiro quarto da volta, onde então eu parei de usar a força da coxa e dos glúteos e terminei de fazer a volta com a batata somente, esticando o pé até o final dessa meia volta.

isso é uma visão mais explicativa esquemática da coisa, mas o importante mesmo foi abrir espaço para o uso da batata no movimento, dando mais força na alavanca, e acho que a melhor forma de fazer isso é como descrito acima, usando esse movimento de esticar o pé para terminar a descida do pedal, depois de dar um impulso com o a perna toda.

a força do resto da perna, principalmente da coxa não é exatamente estagnado nesse momento, embora eu tenho tentado isso das ultimas vezes para experimentar. ele é adicionado ao movimento da batata, e este estando bem descansado em relação ao resto do corpo, dá uma sensação de leveza incrível por alguns momentos, até que sua batata se canse mais, até porque ela não está tão acostumada.

curiosamente, eu não sinto que a sincronização desses movimentos acontece bem na minha perna esquerda, o que é estranho. mas é até compreensível vendo que várias coisas na bicicleta eu tenho um lado melhor que o outro. mas no resto da vida também é assim.

essas variações dos usos dos músculos ja me foram úteis em algumas viagens e trilhas, passeios mais intensos onde cheguei a ficar bem desgastado, davam uma forcinha a mais.

eu fico pensando se outras pessoas fazem isso, ou descobrem novas formas de andar ou de pedalar por acaso, porque, por acaso, ninguém fala sobre isso, é só pedalar, mas cada um deve pedalar de um jeito.