quarta-feira, 17 de agosto de 2011

trauma de ser velho

estava no trabalho conversando com um colega sobre a moto, e ele disse que tinha medo de morrer, nao com essas palavras, mas que via os acidentes e que para ele essas coisas eram desestimulantes, mas também nao usou essas palavras, e eu disse "eu nao tenho trauma de moto, tenho sim trauma de ser velho" ah foi isso, ele disse que tinha trauma de moto por causa dos acidentes que via.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

o que eu queria dizer sobre itamaracá mermo era

que esse fim de semana eu fui lá. mini viagem de moto. e espero que a primeira de muitas, e a menor de todas. iria com um grupo de pessoas, mas o tempo com muitas nuvens os desestimulou.

pra mim a grande questão de andar [de moto ou de bike] na chuva, é o momento de se molhar. e acho que é a mesma coisa com qualquer situação melequenta. no começo vc evita e nao quer se melar, no final a atividade consiste basicamente da diversão de se melar.
então, sequinho, em casa, nao dá vontade de sair na chuva, mas quando vc já está na estrada, e a chuva começa a cair você é obrigado a se molhar, e só no começo é ruim, depois você quer é que chova mais mesmo e que tenha muita poça no caminho pra se molhar mais.

fui só para itamaracá, tinha dado uma olhada de leve no mapa, o caminho é simples, as estradas sinalizadas o suficiente. durante o caminho choveu e fez sol, varias nuvens mas varios sois também, se você me entende, e quando eu cheguei lá eu tava todo molhado, completamente, menos a cabeça, que é umas das coisas que eu acho legal de andar de moto. vc pode se molhar, mas a cabeça sempre vai estar seca por causa do capacete, e antes de andar de moto eu nao tinha percebido isso, e tem umas coisas dessas assim simples que eu acho incrível.

o que estava acontecendo em itamaracá? o encontro nacional dos abutres, um motoclube. isso pra mim quer dizer que nao estava acontecendo nada na verdade. acho que era como um acampamento de congresso, tava todomundo lá, mostrando o melhor de sí e se relacionando, mas como eu não conhecia ninguem, pra mim nao tinha graça.

teve a graça de olhar um pouco as motos dos caras, tudo harley davidson, custom, uns triciclos, todomundo invocado, cara de mal, caveiras, de preto, tatuagens. mas até quando a gente vive algo ou apenas idolatra? eu percebi que as pessoas lá não eram muito sobre o llifestyle, mas mais sobre apenas o style, a pose. nao estou falando isso pra ofender, mas é como eu estive pensando no SuperCon; poucas pessoas ali estavam vivendo a vida, o estilo de vida, a maioria são pessoas normais que cultuam aquele estilo. e hoje em dia as duas coisas estão se confundindo.

então tinha uma galera lá que nao tava mais bolando de do mal, tipo, chegaram e tavam feito qualquer vô de férias, de samba canção e camisa, bem colorido e tal. o que é bom também pra ver que talvez quem cultua, quem imagina, não vê todas as faces, e que nesse caso a galera do mal tb gosta de dormir de pijama estampado. mas o que eu quero dizer é que tirando por mim, eu me sinto muito bem nas minhas roupas de aventura, que não tem um estilo muito grande em nada, mas quando eu chego ensopado de lama em casa com minha roupa molhada completamente eu continuo me sentindo confortável com aquela roupa, como se o que eu sou mesmo estivesse ali, em me molhar e me sujar numa trilha, mesmo que no começo eu nao estivesse querendo me molhar muito.

então eu parei minha moto ali e depois de um tempo e de ver que nao havia lojas ou capacetes bons a venda voltei pra perto da moto e perguntei a um abutre menos estereotipado o que acontecia ali, ele basicamente me disse que não acontecia nada, o que quer dizer que ele me disse o que acontecia, mas para mim aqueles acontecimentos não tinham importancia.

quando começou a fazer sol eu decidi que era hora de andar de moto de novo e aproveitar pra secar, pelomenos da cintura pra cima. itamaracá estava me decepcionando um pouco. sai da area do evento para o forte orange que era do lado. a 20 metros do forte orange começavam os bares pobres de praia, daqueles que destroem a paisagem. comecei a notar que itamaracá é uma regiam pobre do estado [como muitas outras] mas achei que por ser um lugar histórico seria tratado com algum respeito e preservação. nao. não dava pra ver a praia direito, nem o forte, eu dei uma volta nele de moto, por um lado que tem um caminho entre o forte e o mangue, e do outro lado dele mais bares. um pouco depois começam as casas de praia, que não sao grandes e super arrumadas nem nada, sao casas de gente simples, o que não é ruim, o ruim é que a magnitude do forte é nula naquele ambiente urbano, inclusive o lado mais interessante do forte eu achei que era atras, sem muito acesso.

o forte estava fechado.



ai eu notei também outra coisa: não sou feito para motos estradeiras, custom e tal, a primeira coisa que fiz ao sair da área do forte orange foi entrar na primeira a direita pra ver a praia, passando pelas ruas alagadas de barro e depois percorrendo a praia um pouco pela areia com a moto, isso sim foi divertido, e com outra moto eu nao poderia fazer isso.

depois de dar uma volta breve na praia eu peguei para a esquerda da estrada, porque vi uns ladeiroes de barro, do que seria a area residencial/favela de itamaracá. nessas atividades durante o dia eu reafirmei minha confiança em mim mesmo na moto, que haviam sido abaladas por uma queda besta, e simplesmente pela minha imaginação que nao estava concebendo certas situações, mas que quando eu enfrentei pareceram simples, e eu ri, não porque era fácil, ou porque não havia risco, mas porque eu podia fazer algo que na minha cabeça era mais assutador, e eu podia compreender e meu corpo responder as situações.

eu andei muito pelas ladeiras de barro, por onde deu pra andar, e cheguei num lugar de onde eu nao via mais nenhum lugar mais alto para ir, entao julguei ser o topo.

era alto e era um barranco,  talvez sofrendo de erosão, ao fundo a area residencial pobre, e a menos pobre perto da água, mais a direita estaria o forte.


o barro ai era muito fofo e escorregadio, tanto que quando tentei por a moto deitada o pé dela afundou no chao, entao tive que colocar num ponto mais inclinado de forma que ela ficou quase na vertical. nesse barro fofo a moto queria rodar mas nao ir pra frente, foi divertido, e foi como na praia, a moto samba um pouco, quer deitar a qualquer momento.

pra chegar nesse lugar havia uma descida e uma subida ingrimes e também de barro, na ida eu consegui sem problemas, mas na volta os proprios sulcos que as rodas da moto fizeram na ida me atrapalharam e eu cai de leve, segunda vez que caio em uma subida e que bom, porque deve ser a qued amais tranquila, em baixa velocidade e tal.

bem, ai eu andei muito, mais muito mesmo por essas partes de barro de itamaracá, me merdi e me achei e quase cruzei a ilha, mas desisti de tentar ate o fim cruzar mesmo porque nao sabia se havia estrada do outro lado do morro que estava, e ja estava me sentindo meio perdido, do tipo se eu pegar mais umas tres bifurcaçoes eu nao vou saber voltar, entao nao cruzei a ilha pelos morros.

pela parte civilizada tirei fotos de duas igrejas, porque lembrei do meu pai, que talvez não propositalmente, tira muitas fotos de igrejas.




não parei pra perguntar os nomes, mas, essas duas igrejas se encaixam bem na cidade e no contexto, ao contrario do forte e dos outros monumentos históricos que estão num limbo urbano de preservação e afastamento e obstrução.

na volta abasteci porque não fui com o tanque completamente cheio, e antes de sair completamente subi para a vila velha, que é uma subida da porra, suave e de paralelepipedo, mas longa. lá em cima nao passei muito tempo, a unica coisa de velha na vila era a igreja, que eu li sobre, na praquinha em portugues e in english, mas só lembro que foi construida em cima das ruinas de um forte, e que o mirante da vila velha não passa de um pequeno descampado atras da igreja, de onde é possivel ver a entrada do canal, e isso deve ter sido importante para os holandeses na época de dominação instável.



mas essa igreja que eu identifico como o unico elemento realmente velho da vila velha, com uma fachada até interessante, é destratada da mesma forma que o forte, por pequenas casas de venda de souvenirs, e com umas casas na frente e em volta, que tornam impossível vc dar uma boa olhada de frente pra igreja. apesar de ruim para mim, o visitante, a velhinha que mora na casa que dá pra frente pra igreja nao deve achar ruim, se ela for religiosa, o que achei que era, porque estava falando torrencialmente alguma coisa pra quem passasse ouvir.

sem mais o que ver eu desci rapido, mas tirei uma foto do meu retrovisor antes de chegar ao pé da estrada

quando passei pensei "pooo isso é bonito" e parei pra tirar a foto

a volta foi rapida como a ida, com menos chuva, e menos, porem também, motos indo e voltando, e acho que é isso que eu tinha a dizer, agora que não vem mais nada a dizer na minha cabeça.

mas o importante é que foi muito bom, muito divertido, e eu digo isso porque minhas observações podem aparentar o contrário, agora eu quero mais viagens e mais trilhas!

itamaracá

"itamaracá" tem um acento do tipo que eu nao gosto de escrever, mas é uma palavra que eu sinto necessitar do acento. "itamaracá" nao é feito um "não" que, no meu teclado, é ruim de acentuar, pela distância, dificuldade de acessar o acento enquanto escrevo. então é uma culpa do teclado mesmo, que nao foi feito pra uso de acentos*. ainda, "itamaraca" e "nao" nao sao como "distância" que é horrível de acentuar, mas distância é cruel, porque se eu nao acentuar, parece que estou dizendo "distancía", saca? e o computador também pensa assim, porque ele nao interpreta, então são essas palavras as que nao são subilinhadas pelo computador, que me preocupam profundamente na hora de escrever, nao acentuadas elas significam outra coisa.

*e um teclado que nao foi feito para o uso de acentos é uma coisa relativa. mas eu penso em muitas coisas as vezes como neurônios, nesse caso, nao é que o teclado tem uma combinação proibitiva de teclas que me impede de acentuar, é só que como em um neurônio, essas combinações nesse teclado por vezes nao geram um estimulo grande o suficiente para me fazer acentuar.

palavra boa de acentuar é o "é".