quinta-feira, 1 de junho de 2017

mulher classe media caga as calças ao ver um preto fudido na rua

uma pessoa desce as escadas de um edificio empresarial ladeado em marmore. avista atravessando a rua uma figura, carregando um saco de latas no ombro, olha pra cima com o rosto, sem desentortar sua coluna curvada. preto feito seu short adidas que só da pra ver onde começa por causa da corda que amarra a cintura do short velho de liga estourada.

o olho branco e no meio uma cor esbranquiçada do mesmo tom das suas sambucelhas, imagine um velho fudido. ele parou ainda olhando pra essa pessoas agora parada no meio da escada, levantou uma mao, fez um grunhido.

a pessoa das escadas parou nao sabe porque, olha no olho, suas maos mexem em coisas que ela nao sabe mais que esta segurando, troca de posição os livro, guarda chuva e chave do carro. esperando

essa pessoa travou que nem sentiu, ela tava esperando o tem um trocado ai dotora mas o velho nem sequer fala mais. a mao preta oscilava entre gestos e a boca do alto da escadaria murmurou um automatico tem nao-foimal com um movimento de pena sobrancelhar igualmente programado. enquanto isso ela realmente pensou se nao tinha umas moedas que podia se desfazer.

mas ai o gesto da mao do velho-preto-fudido-pobre era só um legal mesmo e ele tava dando boa tarde. a pessoa era uma mulher mas eu nao queria dizer antes porque não importa, um cara podia se comportar da mesma forma, é um basico acovardamento de classemedia com medo do mundo dos fudidos que tem que carregar lixo pra casa pra sobreviver.

depois desse tilt o celebro da pessoa pode voltar a funcionar porque estava com a vida segura. a pessoa terminou de descer as escadas e por meio segundo acompanhou com o olhar a bela e contraditoria imagem desse exemplar de gente ignorada andando pela calçada linda de piso intertravado, a sua direita arvores e carros brilhantes e metalicos, a sua esquerda um paredão de marmore refletivo, tudo bonito como um recifense gosta.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

the oa

não recomendo. no sidewatch essa serie eh uma coisa que voce consegue ver ate o fim, mas nao eh nada muito rico pra voce levar a serio e assistir prestando atencao.


primeiro problemao com essa serie, mas tem que ser proposital ou pelomenos a galera tava consciente na hora de fazer, é a sensação de semelhança com sound of my voice, um filminho que eh mermo isso ai, e com a mesma atriz, eh tanta coincidencia que chega atrapalha a concentracao no começo.

sound of my voice eh sobre uma nega que se diz ter vindo do futuro, ela se encontra no basement de uma casa e conta suas lorotas pra seus seguidores. o filme fica no ponto de vista de duas pessoas que querem expor a fraude dela. no final voce fica ainda sem saber se era lorota ou nao, mas o filme nao quer te dar certeza, quer deixar aberto e no final voce viu uma coisa que nao foi pra frente o tempo inteiro, que pode ter sido so mentira e que nao interferiu em nada no mundo dos personagens. exceto no relacionamento entre eles, que eh a unica coisa que voce pode dizer que realmente aconteceu. mesmo assim eh muito pouco para um filme inteiro, ou uma serie inteira.

the oa eh a mesma coisa descritinha disso ai. a diferença sendo que ha bem menos ceticismo da parte dos seguidores e a serie pende para o lado de lhe fazer acreditar que ela esta contando a verdade, mais pro final apenas que eles dao uma sacudida na sua certeza so pra poder fechar o ultimo ep deixando uma duvida, mas nem precisava. pra mim so enfraquece a obra.

o fato de ser escrito e atuado pelas mesmas pessoas, brit marling e zal batmanglij ainda piora tudo. so parece que eles quiseram apenas reciclar a ideia, porque nao eh diferente o suficiente pra vc identificar como outra obra, nem eh igual o suficiente pra voce dizer que eh um remake, esta num limbo, um intermedio que incomoda. se nao fosse dos mesmo autores poderia ser definitivamente taxado como plagio por tanto de semelhança.

o que muda eh que em sound of my voice ela eh do futuro e em the oa ela eh um anjo dentre 5 que se tornaram assim devido a ter morrido e voltado (near death experience, que eles abreviam para nde).


insipiencia eh talvez a palavra para apontar o verdadeiro incomodo que ambas historias passam. a incerteza sobre a vericidade da historia unido a verdadeira falta de poder dos personagens para tomar uma atitude a respeito do que esta ouvindo, e principalmente, a mudança de ponto de vista que te tira da ação da historia principal e te coloca como ouvinte causa o choque que nao te deixa se aprofundar no universo e se sentir parte dele.

a serie tem o agrave em comparaçao com o filme, de sustentar a historia por 7 episodios e depois entregar uma soluçao anticlimatica para a historia de capitividade da personagem, para novamente entregar outra solução pouco climatica para a historia no presente, dos seus ouvintes.


para completar, os outros elementos que compoem a historia parecem pouco desenvolvidos ou cliches demais para te deixar imerso, e quando questionados certos elementos, na duvida de se realidade ou lorota do personagem principal acabam contaminando toda a historia.

exemplos disso sao
- o background russo super clichezao, de filha paparicada de familia russa de pai solteiro, pai morre, menina vai para os eua pra ser criada numa situaçao fudida de pobreza. tem mais de um cliche ai fundidos.
- a escrotisse da mae adotiva de nomear a filha de praire devido aos olhos da menina QUE EH CEGA. sacanagem do caralho. sacanagem em cima de sacanagem.
- o vilao super estereotipado tambem, rico vivendo num cenario ermo e exotico.

quando voce começa a duvidar das realidades da serie fudeu, porque voce pode contestar em varias camadas.
- todos os momentos de encontro no fbi onde os cenarios estao sempre completamente desertos. realidade ou ilusao?
- os livros com cara de novos embaixo da cama dela
- pode ter havido sequestro porem sem experimentos, ou pode ter acontecido experimentos mas sem ser num lugar dramatico como uma mina abandonada.

por fim, o estilo de episodios de historinha contada pela metade pra deixar misterio, coisa que ja cansou, tipo lost, e que pra funcionar tem que ser muito bem executada, e que no caso de the oa eu ja sei que nao assistiria uma segunda temporada por isso. sei que vai ser uma historia travada que nao vai pra frente propositalmente convoluta pra no final vc nem saber o que aconteceu mesmo.

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

pensamentos incompletos sobre gilmore girls


uma serie que nao envelheceu bem. super aclamada, e indicada por todos especialmente apos a entrada no netflix imendada com o novo filme, gilmore girls esta junto a arquivo x no saco de series que nao aconteceriam se fossem ser feitas hoje em dia.

a serie tem um arco de historia solido, as vidas de rory e lorelai gilmore e a relação com os pais de lorelai a partir do momento que ela pede um emprestimo a eles para pagar a escola de rory. tem um bom fechamento por temporada concluindo sempre com algum grande acontecimento como o casamento de sookie ou a graduação de rory, os episodios fecham seus pequenos arcos, não deixam cliffhangers, mas continuam suavemente evoluindo as historias pendentes que vão se moldando com os acontecimentos.

hoje em dia é raro ver series de comedia com a duração de 40 minutos, gilmore girls é uma comedia-drama mas com pouquissimo foco no drama, poderia se encaixar bem em episodios de 20 minutos.

lorelai da o tom para a serie e o resto dos personagens, ela sempre faz uma piada, quase nunca fala serio e tem um grande problema com seus pais. a forma como a relação com os pais nunca muda em 4 temporadas realmente me faz pensar se existe em gilmore girls algo de seinfeld no sentido de os personagens simplesmente nao aprenderem com seus erros e experiencias.

o status quo é dado logo no primeiro episódio com o pedido do emprestimo e a obrigação de ir jantar, algo que perdura por tres anos, ate lorelai conseguir pagar o emprestimo, nesse tempo a maioria dos encontros com os pais envolvem as discussões gritadas classicas da serie, com alguns poucos episodios de calmaria e ate momentos que parece que há alguma esperança de mae e avo começarem a se relacionar bem. com o fim do emprestimo percebemos que lorelai nao aprendeu nada em todos esses anos e ainda prefere evitar completamente os pais.

as gilmore girls são perfeitas
as protagonistas raramente erram e suas vidas sao tranquilas exceto pelo que elas sofrem. elas estão no centro da serie nao so como protagonistas mas como exemplos de como ser e raramente suas açoes sao questionadas, exceto quando o debate é e entre as duas, que tambem gera a rara situaçao onde algo pode ser resolvido com um pouco de sensatez e algum lado abrindo mao.

plot telegrafado
não é preciso se esforçar para saber o que vai acontecer, o plot é telegrafado há quilometros e voce basicamente ja sabe o que vai acontecer, basta esperar. relacionamentos, breakups, discussoes. é tudo extremamente previsivel.


toda piadinha e tiração de onda atinge o alvo
na estrutura de dialogos de gilmore girls sempre existe algo para ser piada ou tiração de onda, sempre existe como incomodar alguem.

discussoes gritadas

inexistencia de conversas serias

rory é uma anta emocional

- o incendio do hotel e o roubo do carro de jess foram ferramentas de plot que poderiam ser trabalhadas melhor e foram simplesmente largadas no meio da historia pra dar a desculpa de algo acontecer.

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na season 5 a coisa começa a mudar um pouco, finalmente luke e lorelai se pegam e o romance ja começa direto como uma coisa seria e pra durar. rory, no entanto, continua tapadinha e nesses 4/5 anos so pegou dois caras e so transou com dean, tem gente dando em cima dela de bolo na faculdade mas ela nem ve, ate chegar esse cara novo que nem lembro o nome, o cara da sociedade secreta que eh OBVIO que vai entrar pra fazer bagunça quando rory tava se estabelecendo de novo com dean.

ai voce ve como gilmore girls tem uma estrutura de novelinha mesmo. tem que rolar um draminha pra ter discuçaozinha e eh assim que a serie anda.

no resumo de rory a gente ve que ela é ate um personagem unico, inteligente, le pra caralho e conversa tete a tete como o avo sobre assuntos. ela eh um personagem massa de uma mulher que no need no man. no entanto ela é romanticamente nula e nao ve um palmo na frente dela emocionalmente. ela se ve dentro de situaçoes que nao sabe como começaram e os escritores, como em todos dialogos, dao uma otica limitada do mundo e das possibilidades a personagem.

pode ser uma questao do tipo de publico a quem estavam tentando dirigir a serie, depois de dean ela so se apaixona por maloqueiro, gente com caracteristicas totalmente falhas e que vao de encontro a que ela eh. primeiro jess, que de em comumn so tem a coisa de ler muito. segundo agora o mamao da sociedade secreta.

o pior eh que ela ve os defeitos dessas pessoas mas depois eles crescem nos olhos dela por meio de outras ações, mas em nenhum momento, se redimem dos seus defeitos principais que continuam os tornando incompativeis com ela.