sábado, 6 de junho de 2015

o cheiro de látex na minha mão, sinto quando apoio a cabeça, completando o travesseiro para dormir em posição fetal. me lembra o mesmo cheiro que fica nas mãos quando se tira uma luva, exceto que no caso da luva há também talco e suor aumentando o atrito entre os dedos, enquanto no caso da camisinha fica uma viscosidade de lubrificante e fluidos corporais que quando seca forma as vezes umas bolinhas, "areia", "catota". vou acordar com o mesmo cheiro na mão, vou sentir o mesmo cheiro na cueca no outro dia.

desconcertado afasto a mao do rosto me pensando porque não lavei as mãos pra dormir, talvez porque não tomei banho também, queria ter escovado os dentes, e qual a opinião da mulher que nesse momento tenta ser a conchinha maior pressionando notavelmente seus seios contra minhas costas, que em momentos me chupou e deve ter sentido cheiro e gosto de borracha, qual a opinião dela, qual o gosto melhor, se há diferença, para que me chupe por mais tempo?

perguntas a cerca do gosto de camisinha, eu só as faria se não houvesse risco de chegar na informação que na verdade ela não gosta de chupar rola, o que no momento de franqueza só poderia levar a posição de não forçar ninguém a nada, nem ser levado a uma posição de dívida de favores sexuais. pensamento este que, dentre outros, me leva a uma comportamento de agir e receber ações sem pedidos, gratuitos, que pode até deixar uma sensação de troca, mas subjetiva, não quantificada, com interpretações livres.

estou sendo abraçado mas a mente agitada quer mover o corpo, quero pegar o celular, pego, configuro o despertador e guardo, não gosto da luz do celular no meu rosto quando uma nega fica no celular na cama. ser consumidor passivo dessa luz é mais incomodo que fumar passivamente. ela pede o celular dela também, minha atitude a fez lembrar algo, merda, o celular dela faz barulho, além da luz, barulho de teclas, de abrir e fechar, hahaha, mas ela é rápida.

quero me mover, estou sem sono, tem poucas horas para o dia começar e eu ter que me levantar, preciso jogar algo para dormir, penso, antes de quase imediatamente cair no sono.

em vinte e cinco minutos o que há entre os seios e as costas é suor, uma parte quente de uma cama resfriada apenas pelo ventilador e o clima de chuvas fortes. mudamos de lado juntos, trocando as conchas e sentindo nossos lados frios se aquecerem, e vice versa. gosto de ser a concha menor quando ela dorme segurando minha rola, quando sou a maior, seguro a maior quantidade de peitos possível. em breve acordarei, terei que me levantar. farei café e sentarei na privada com café numa mão e celular em outra, escreverei começando com as palavras que me vieram quando senti o cheiro na minha mão. perceberei que ainda não lavei e aí levarei e limparem o celular para poder continuar, limparei um dente especialmente sujo com a unha, tentando equilibrar doses de café e doses de escrita, perceberei que meia hora passou e o famigerado último gole está frio, tomarei, me levantarei e me deitarei no chão com a cabeça borbulhando, me concentrando em não mover a perna esquerda, que ficou formigando muito por passar meia hora sentado sem nem mais cagar, esquecido de tomar banho e de escovar os dentes e pensando se passar muito tempo sentado na bacia dá hemorróidas como dizem.

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