uma pessoa desce as escadas de um edificio empresarial ladeado em marmore. avista atravessando a rua uma figura, carregando um saco de latas no ombro, olha pra cima com o rosto, sem desentortar sua coluna curvada. preto feito seu short adidas que só da pra ver onde começa por causa da corda que amarra a cintura do short velho de liga estourada.
o olho branco e no meio uma cor esbranquiçada do mesmo tom das suas sambucelhas, imagine um velho fudido. ele parou ainda olhando pra essa pessoas agora parada no meio da escada, levantou uma mao, fez um grunhido.
a pessoa das escadas parou nao sabe porque, olha no olho, suas maos mexem em coisas que ela nao sabe mais que esta segurando, troca de posição os livro, guarda chuva e chave do carro. esperando
essa pessoa travou que nem sentiu, ela tava esperando o tem um trocado ai dotora mas o velho nem sequer fala mais. a mao preta oscilava entre gestos e a boca do alto da escadaria murmurou um automatico tem nao-foimal com um movimento de pena sobrancelhar igualmente programado. enquanto isso ela realmente pensou se nao tinha umas moedas que podia se desfazer.
mas ai o gesto da mao do velho-preto-fudido-pobre era só um legal mesmo e ele tava dando boa tarde. a pessoa era uma mulher mas eu nao queria dizer antes porque não importa, um cara podia se comportar da mesma forma, é um basico acovardamento de classemedia com medo do mundo dos fudidos que tem que carregar lixo pra casa pra sobreviver.
depois desse tilt o celebro da pessoa pode voltar a funcionar porque estava com a vida segura. a pessoa terminou de descer as escadas e por meio segundo acompanhou com o olhar a bela e contraditoria imagem desse exemplar de gente ignorada andando pela calçada linda de piso intertravado, a sua direita arvores e carros brilhantes e metalicos, a sua esquerda um paredão de marmore refletivo, tudo bonito como um recifense gosta.
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