sexta-feira, 15 de julho de 2011

Juliet, Naked de Nick Hornby

as vezes é difícil classificar um livro sem entrar nos detalhes, e dizer apenas "bom" não é suficiente. no caso de Juliet, Naked eu digo que é muito interessante, mas eu não leria uma segunda vez. recomendo que seja lido, mas não com muita prioridade na sua lista.

pelo que eu li, como sempre, de forma breve e incompleta, sobre o livro, elel é bem criticado e comparado a qualidade do primeiro livro de Hornby, High Fidelity, que eu também li e gostei muito. Nick Hornby me parece escrever para o tempo em que ele está. nesse livro a internet se apresenta como parte das vidas das pessoas, wikipedia, forums e emails, e tem importancia para o desenvolvimento das vidas dos personagens como tem hoje na nossa.

se Nick Hornby consegue representar a internet com essa crueza e realidade é porque isso faz parte de como ele percebe as pessoas hoje, no livro o uso da internet nao é uma alegoria ou uma ficção exagerada, mas uma parte das vidas dos seus personagens, como ir trabalhar, pensar e beber.
[ao contrario de por exemplo, Stieg Larsson, onde o mundo digital é explorado por uma super-hacker, ou do imaginário comum de filmes]

o livro segue das perspectivas de três personagens, Annie, Duncan e Tucker Crowe, onde Annie é a personagem principal. Juliet, Naked é o nome do unico album de sucesso do artista dos anos 80 Tucker Crowe, que sumiu misteriosamente durante a turnê do disco, e Duncan é um aficcionado com a obra do artista, se auto intitulando "crowologist" e "scholar" no assunto. Annie enquanto personagem principal não está ligada diretamente a esses elementos presentes durante todo o livro, ela é a mulher/namorada de Duncan, num relacionamento disfuncional de 15 anos e a curadora do museu da cidade, descrita desinteressante, onde moram, chamada Goleness.


no decorrer do livro, do ponto de vista de Annie e seus pensamentos e impressões são delineados os outros dois personagens e a arte de a graça do escrito de Hornby está na hora que ele muda de perspectiva, acompanhando outros personagens e seus pontos de vista, o que acontece sutilmente por todo o livro, mas especialmente no momento que ele passa ao ponto de vista de Tucker Crowe.
então o que um faz por acaso, o outro pode ver como ironia ou agressão, e o que é visto como um ídolo e um mistério pode se sentir um fracasso e viver numa situação completamente inesperada do primeiro ponto de vista.

a graça de ler, e talvez a graça do escrever para o autor é a analise de como cada pessoa vê uma mesma situação, e como elas pensam a respeito disso, dado que cada uma tem apenas uma pequena janela para olhar, ou apenas algumas cores passando pelas suas lentes [escolha a metáfora] e poucas oportunidades para tirar conclusões.


o autor também pára aqui e ali para analisar como funciona a sociedade hoje, tomando como ponto o album de Tucker Crowe. um album bem criticado porem que não fez muito sucesso e um artista misterioso fazem alguns fans ao redor do mundo, que em outra época talvez nunca se conhecessem. com a internet, qualquer fan de qualquer coisa pode encontrar seus iguais e assim se encontram os fans de Crowe nos forums para discutir a obra, interminavelmente diminuta para o que é uma idolatração de duas decadas. assim, qualquer objeto é idolatrado eternamente, e nunca esquecido, mas cultivado, o que é uma irritação de Tucker, que preferiria o esquecimento.

o livro acaba de forma abrupta, e um de seus assuntos também é um dilema humano, sobre o que é aproveitar a vida, o que é errar, o que é acertar e o que é que causa arrependimento, talvez um reflexo da maturidade do autor [ou maior maturidade, ou menor imaturidade] e sob esse ponto de vista, não é uma história com começo meio e fim, mas a historia do fim de um período de 15 anos onde aparentemente nada aconteceu na vida dos três personagens, e a descoberta que ainda da tempo de fazer coisas acontecerem, que causem orgulho, ou no minimo, menos arrependimento.

e sob esse ponto de vista o final é adequado ao livro, pois não cabe a ele contar essa segunda parte dessas vidas.

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