terça-feira, 16 de junho de 2015
sábado, 6 de junho de 2015
o cheiro de látex na minha mão, sinto quando apoio a cabeça, completando o travesseiro para dormir em posição fetal. me lembra o mesmo cheiro que fica nas mãos quando se tira uma luva, exceto que no caso da luva há também talco e suor aumentando o atrito entre os dedos, enquanto no caso da camisinha fica uma viscosidade de lubrificante e fluidos corporais que quando seca forma as vezes umas bolinhas, "areia", "catota". vou acordar com o mesmo cheiro na mão, vou sentir o mesmo cheiro na cueca no outro dia.
desconcertado afasto a mao do rosto me pensando porque não lavei as mãos pra dormir, talvez porque não tomei banho também, queria ter escovado os dentes, e qual a opinião da mulher que nesse momento tenta ser a conchinha maior pressionando notavelmente seus seios contra minhas costas, que em momentos me chupou e deve ter sentido cheiro e gosto de borracha, qual a opinião dela, qual o gosto melhor, se há diferença, para que me chupe por mais tempo?
perguntas a cerca do gosto de camisinha, eu só as faria se não houvesse risco de chegar na informação que na verdade ela não gosta de chupar rola, o que no momento de franqueza só poderia levar a posição de não forçar ninguém a nada, nem ser levado a uma posição de dívida de favores sexuais. pensamento este que, dentre outros, me leva a uma comportamento de agir e receber ações sem pedidos, gratuitos, que pode até deixar uma sensação de troca, mas subjetiva, não quantificada, com interpretações livres.
estou sendo abraçado mas a mente agitada quer mover o corpo, quero pegar o celular, pego, configuro o despertador e guardo, não gosto da luz do celular no meu rosto quando uma nega fica no celular na cama. ser consumidor passivo dessa luz é mais incomodo que fumar passivamente. ela pede o celular dela também, minha atitude a fez lembrar algo, merda, o celular dela faz barulho, além da luz, barulho de teclas, de abrir e fechar, hahaha, mas ela é rápida.
quero me mover, estou sem sono, tem poucas horas para o dia começar e eu ter que me levantar, preciso jogar algo para dormir, penso, antes de quase imediatamente cair no sono.
em vinte e cinco minutos o que há entre os seios e as costas é suor, uma parte quente de uma cama resfriada apenas pelo ventilador e o clima de chuvas fortes. mudamos de lado juntos, trocando as conchas e sentindo nossos lados frios se aquecerem, e vice versa. gosto de ser a concha menor quando ela dorme segurando minha rola, quando sou a maior, seguro a maior quantidade de peitos possível. em breve acordarei, terei que me levantar. farei café e sentarei na privada com café numa mão e celular em outra, escreverei começando com as palavras que me vieram quando senti o cheiro na minha mão. perceberei que ainda não lavei e aí levarei e limparem o celular para poder continuar, limparei um dente especialmente sujo com a unha, tentando equilibrar doses de café e doses de escrita, perceberei que meia hora passou e o famigerado último gole está frio, tomarei, me levantarei e me deitarei no chão com a cabeça borbulhando, me concentrando em não mover a perna esquerda, que ficou formigando muito por passar meia hora sentado sem nem mais cagar, esquecido de tomar banho e de escovar os dentes e pensando se passar muito tempo sentado na bacia dá hemorróidas como dizem.
terça-feira, 26 de maio de 2015
observação de um cachorro que morre
apesar de mais fraco do que já foi, está cada vez mais feral, mais resoluto em obter comida a todo custo, menos "obediente". é incrivel como — eu acredito que as expressoes faciais dos animais não expressam o mesmo que nós humanos expressamos, em grande parte, mas são meros artificios de sobrevivencia, carregados pelos animais de sucesso na procriação — é incrivel como é possível ver no rosto dele um pouco do que se passa na cabeça dele, e como ele está diferente ou muda, de uma hora pra outra.
tem o rosto que me reconhece, pescoço levantado, olhando no meu rosto, com olhos bem abertos, orelhas levemente levantadas e o nariz começando a farejar, buscando meu cheiro. tem o rosto do desconhecido ou desafetuoso, que vem com o pescoço rente ao corpo, olhando em frente e deixando passar batido a minha presença ou outras coisas que costuma interagir. as vezes os musculos da face estão mais neutros, dando aquela sensação de moleza, de falta de expressão, pele sobrando, outras ele tá ligado, rosto jovem, pele esticada, musculos trabalhando.
a casa as vezes é familiar pra ele, as vezes é desconhecida. chega a se levantar pra reexaminar o espaço, como se o lugar tivesse mudado completamente e de repente, e acho que é exatamente assim que o cerebro e sentidos dele estão funcionando, cada vez menos fidedignos a realidade.
o mais significativo, sua atitude sincera, descarregada de tudo que aprendeu esses anos, carregada de inocencia novamente. ao abrir a porta agora, o cão que se recusava a sair a não ser que estivesse de coleira, sai tranquilamente, rumo desconhecido, como se nunca tivesse feito de outra forma.
infinite jest: sensible front matter
terça-feira, 19 de maio de 2015
o homem segura o animal proferindo palavras em tom de calma e reconforto, acaricia o cachorro enquanto impede que sua cabeça e membros batam no chão com violência, e aguarda.
o cachorro acorda, tenta se levantar, mas as patas cedem, se situa, familiarizado com a situação recorrente. fica onde está. se não escuta mais, sente o homem do seu lado. quando as pernas recobram as forças se levanta, anda batendo pelos cantos, sem direção. ignora e até tropeça na sua agua e sua comida, até percebe-los. come, bebe, volta a dormir.
1 vez por dia, tomando 200mg de gardenal e 1 comprimido de gabapentina por dia.