e no último post eu escrevi a palavra tranquilo. logo no fim do texto, e logo o corretor do google chrome me corrigiu, sugerindo o uso do trema. coincidência, estavamos falando sobre o trema minutos antes, quando não havia energia.
eu não entendia o trema quando estudava na escola, eu vim entender logo após de entrar na faculdade. como eu não entedia algo tão simples eu não sei. talvez eu não quisesse aprender, talvez eu não fui ensinado. mas hoje, que eu presto mais atenção e dou mais valor ao uso ou não de acentuação e outros elementos da linguagem, eu entendo.
e entendendo isso, o que eu não entendo é a reforma ortográfica. eu já li algumas coisas, não me aprofundei muito, vi os motivos e tal. mas o que parece mesmo é que a linguagem escrita do português está sendo simplificada, em relação a sua parte falada, e mais popular, e em relação a escrita popular que tende a não usar esses sinais. para mim isso é um empobrecimento sério.
a escrita é um código, tem suas regras para que seja entendida corretamente. e enquanto eu concordo com a bauhaus e tenho minhas próprias opiniões a respeito de maiúsculas e outras coisas da escrita, eu não vejo a necessidade de simplificar a língua a ponto de mudar a acentuação. porque se deve haver simplificação, ou mudança, esta não deve causar ambiguidades.
ambiguidades que eram evitadas com o uso de acentuações, tremas e etc, agora evitadas não são mais.
vejo esse tipo de simplificação negativa varias vezes aqui e ali, de vez em quando. baixar o nível da linguagem , da lingua, da comunicação, para atingir o que vem se tornando comum, convencionado pelo uso popular.
"a língua é viva", e muda com o uso. mas deve ser lembrado que essa mudança é uma reação em cadeia, está sempre mudando, e sempre continuará a mudar.
vamos em boa hora > vamos embora > vamo simbora > vambora > bora > boh
o problema de 'regulamentar' novos usos e simplificar é o aprendizado dos mais jovens.
se nós, adultos, usamos a língua de forma diferente do que aprendemos, espera-se que pelomenos saibamos a forma correta, que um dia aprendemos e sabemos os motivos dela ser assim.
a questão é: o que acontecerá com essa língua que os jovens aprenderão sobre a ótica da nova ortografia? até onde o trema é necessário para entender a pronuncia de tranqüilo, o acento agudo para entender a palavra idéia, o circunflexo para a palavra vôo?
serão novas regras que estarão escritas nesses novos livros, ou só observações que as regras que antes faziam sentido não precisam ser seguidas? essas novas regras se existirem, farão sentido? esses estudantes saberão da história dessas palavras, entenderão esse desenvolvimento?
daí, a mutação da língua é impulsionada, pois aprender a língua de um ponto de partida avançado na sua mutação [aprendendo que se escreve para, ao invés de ser lembrado da diferenciação de para e pára] fará com que parte dela e da compreensão dela seja perdida, e que a seqüencia de mutação, a reação em cadeia, continue de ponto avançado, alterando a língua ainda mais rápido, e mais para baixo no nível da linguagem.
na minha opinião já estamos num nível baixo demais, em dívida com nossa língua, presenciando a nivelação por baixo de todos os meios populares de comunicação, até os jornais, e principalmente a televisão, e que por si só já nos arrastam pra esse português pobre. só que agora pelo visto iremos ensinar o português pobre já 'de fábrica' nas escolas.
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